Parasita da New World Screwworm com potencial devastador é detectado em pessoa e autoridades mobilizam resposta com produção de moscas estéreis
Autoridades dos EUA confirmaram, em 25 de agosto de 2025, o primeiro caso humano em anos de infestação pela New World screwworm, uma mosca parasitária cujo estágio larval consome tecido vivo. O paciente infectado foi diagnosticado no estado de Maryland após viagem à América Central — possivelmente El Salvador ou Guatemala.
Apesar da gravidade da condição — descrição de dor intensa e presença das larvas em tecidos expostos — o risco à saúde pública é considerado muito baixo. A infestação, embora rara em humanos, mantém sua reputação devastadora e exige atenção rápida às feridas e sintomas.
Perigo crescente ao gado e estimativa de prejuízos no Texas
A “bicheira” foi erradicada nos EUA na década de 1960. No entanto, seu retorno foi observado em 2025, com surtos em México e América Central, e o risco de nova invasão preocupa a indústria de pecuária texana.
O USDA projeta perdas de até US$ 1,8 bilhões no Texas, principal produtor de gado do país — considerando morte de animais, mão de obra e gastos com tratamentos.
Estratégias de combate e investimentos massivos
a) Fábricas de moscas estéreis
- O governo federal anunciou a construção de uma instalação de produção de moscas estéreis em Edinburg, Texas, com investimento de US$ 750 milhões. A previsão é produzir até 300 milhões de moscas masculinas estéreis por semana, em operação dentro de um ano.
- Além disso, outra fábrica de US$ 8,5 milhões está em andamento na base aérea Moore Air Base, próximo à fronteira com o México.
b) Ações complementares
- Suspensão das importações de gado do México para evitar entrada de animais infectados.
- Uso de armadilhas com atrativo químico (Swormlure) e cães farejadores.
- Fiscalização de fronteiras com agentes a cavalo (“tick riders”).
- Etapas de vacinas e alimentação que inibem a reprodução da screwworm.
O que é a New World Screwworm?
- Nome científico: Cochliomyia hominivorax
- Comportamento: a mosca deposita ovos em feridas abertas de animais ou humanos. As larvas emergem e perfuram o tecido com suas mandíbulas afiadas, “rosqueando” no organismo do hospedeiro — daí o nome “screwworm”.
- Ciclo de vida: dura cerca de 20 dias, com dezenas de larvas podem causar infestações mortais se não tratadas com rapidez.
Como a produção de moscas estéreis combate as lavas da screwworm?
É um centro de biossegurança onde cientistas criam moscas adultas da espécie “New World Screwworm” (mosca da bicheira) em laboratório. Essas moscas são expostas a radiação controlada (geralmente raios gama), o que as torna estéreis – ou seja, incapazes de gerar descendentes viáveis. Depois desse processo, elas são liberadas em grande quantidade na natureza em áreas afetadas.
A técnica se chama SIT (Sterile Insect Technique – Técnica do Inseto Estéril) e funciona assim: As moscas estéreis liberadas procuram as fêmeas selvagens para acasalar. Como são muito numerosas, acabam competindo com os machos férteis da natureza. Quando a fêmea cruza com um macho estéril, ela coloca ovos, mas eles não eclodem.
Como cada geração é “cortada” pela esterilidade, a infestação cai com o tempo. Se o programa é mantido de forma contínua, a espécie pode ser erradicada de uma região inteira.
Mesmo com o risco humano estimado como baixo, a reintrodução da screwworm representa uma grave ameaça à pecuária, economia e saúde pública do Texas. A combinação de vigilância médica, resposta sanitária e infraestrutura de combate biológico com moscas estéreis reflete a urgência e escala da mobilização em curso.












